quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Evidência de cura de infecção pelo HIV por meio de transplante de células-tronco com deleção delta32 do receptor CCR5

A destruição do sistema imune pelo HIV se dá pela depleção de linfócitos T CD4+, principalmente os linfócitos CD4+ ativados de memória. A entrada do vírus dentro do linfócito CD4+ depende da interação de receptores de quimocinas, sendo os mais comuns os receptores CCR5 e CXCR4.  O bloqueio da interação do HIV com esses receptores já se demonstrou capaz de inibir a replicação do  vírus. Indivíduos homozigotos para a variante genética  delta32 (CCR5Δ32/Δ32) e que não têm a expressão celular do CCR5 são resistentes à infecção viral pelo HIV  com tropismo para esse receptor (R5-HIV) .
No artigo publicado na revista  Blood de Março  deste ano, Allers et al. descreveram o seguimento de longo prazo de um paciente HIV positivo, tratado com  transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH)  alogênico a partir de um doador CCR5Δ32/Δ32. O paciente em questão manteve-se sem qualquer evidência  de doença pelo HIV durante 45 meses de seguimento,  mesmo sem o uso de terapia antirretroviral.
Linfócitos T CD4+ do doador atingiram valores normais no sangue periférico, caracterizados por quimerismo completo (100%), demonstrado pela ausência de expressão de CCR5. Além disso, foi possível demonstrar  por meio de técnicas de imunoistoquímica, a presença de
linfócitos T CD4+ CCR5- na mucosa intestinal, um dos  principais reservatórios naturais de linfócitos T CD4+.  Essa observação é fundamental para documentar o potencial anti-HIV do TCTH, uma vez que a mucosa intestinal é também um dos principais reservatórios virais, e a  reconstituição imunológica nesse tecido faz-se necessária  para sua erradicação, fato documentado pela ausência de cópias virais nas amostras de tecido intestinal do doador.
O artigo da Blood sugere que o transplante de células-tronco possa ser uma opção terapêutica para erradicar o HIV. Essa ideia reforça a importância do desenvolvimento dos estudos de terapia gênica que visam introduzir genes que conferem resistência ao HIV. Alguns  estudos de fase I/II utilizam células-tronco hematopoéticas autólogas como células transgênicas, infundidas após condicionamento com quimioterapia.



Enviado por: Débora Camacho Luz - 49038

Um comentário:

  1. Discutimos essa fato em aula e pelo que eu havia entendido as pessoas que não possuíam o CCR5 ficavam um tempo sim imune ao vírus mas depois o vírus conseguia entrar por outra via e contaminar a célula.

    Juliana Artigas Flores

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